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sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Mudam-se os tempos... Ou não.

Quando os Resistência foram criados, há vinte anos atrás, seria uma loucura eu ir a um concerto deles. Os meus pais nunca me deixariam, e bem, ir a Lisboa, a um concerto de uma banda com a projeção que eles tiveram na altura, aos treze anos de idade. É que a questão nem se pôs.

Passei estes anos todos a magicar que ir a um concerto dos Resistência é que seria fixe, "que pena que já acabaram, aquilo é que era, gostava tanto de ter ido..."

Quando os Resistência voltaram agora para este concerto revivalista, comprámos, as garotas que éramos na altura, os bilhetes quase de imediato. Foi  dar-se a notícia e nós aos saltos VAMOS VAMOS! É que a questão nem se pôs.

E agora constato que, vinte anos depois, foi uma loucura ir ao concerto dos Resistência. Tal como seria há vinte anos atrás, mas noutros moldes.
Eu deixei marido e filho entregues à sua sorte, na nossa terrinha. Abalei-me para Lisboa, de mochila às costas para passar a noite a casa da minha avó. Andei agarrada ao computador, nos buracos livres, a trabalhar em andamento. Fiquei sem bateria no telemóvel, incontactável mais de 24 horas.
A minha irmã arrastou para Lisboa marido e filhos, porque o mais novo tinha de vir agarrado à mama e precisava de quem o cuidasse enquanto estivéssemos a cantar a plenos pulmões.
Outra de nós veio de propósito da Índia para vir ao concerto e aproveitou, já agora, para passar o Natal na terrinha, que se não fosse os Resistência ficava pelas Índias de férias.
Outro veio directo de Leiria a correr, chegou mesmo em cima da hora do concerto.

"Ah, quando somos crescidos fazemos o que nos apetece, nada nos prende, nós é que mandamos!"

...

Foi assim connosco, mas aqui que ninguém nos ouve, ainda bem que já tínhamos os bilhetes comprados há meses, que senão ainda desandava tudo e não nos atrevíamos à loucura destes dias.

E valeu a pena, muito a pena.

Vai.
Vai mais longe, vai.
vai ao fundo do fundo.
Não mudes de assunto, há sempre um perigo.

Sai debaixo das pedras e vai
Vai mais longe, mais fundo
Não mudes de assunto
Só porque é mais fácil

Há sempre um perigo

Sai debaixo das pedras e vai, vai
Descola a memória, flutua no vago
Deixa-te ficar
Há sempre um perigo

9 comentários:


  1. "Ah, quando somos crescidos fazemos o que nos apetece, nada nos prende, nós é que mandamos!" Pois é isso é o que nós ingenuamente pensamos como somos adolescentes, mas se soubéssemos ;)
    Que grande aventura ;)
    beijinhos

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  2. Tive tanta pena de não ir. Fui adiando e... chegou o dia :(

    Deve ter sido um "lufa lufa" divertido!

    *****

    http://sairdacaixinha.blogspot.pt/

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  3. Parabéns por concretizar o que de adolescente não foi possível.


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  4. Estou a preparar-me para fazer essa loucura em Maio para Dead Can Dance :)

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  5. Oh mana ainda bem que fizeste o relato é que eu ainda não consegui sentar-me para escrever... Foi lindooo!

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  6. Também eu lá estive, a recordar os meus tempos de adolescente, completamente arrepiada com cada canção!

    E um obrigada especial à Maria de Lurdes, porque foi através deste blog que soube do concerto!

    Rita

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