Já lá vai mais de um mês. O meu menino usa óculos há mais de um mês e às vezes, quando o vejo sem os óculos postos, esqueço-me que este já não deve ser o seu rosto. Esqueço-me que ele agora tem de ter sempre os olhos emoldurados. Esqueço-me que agora tenho de estar sempre a chamar a atenção para olhar através das lentes e não sobre as lentes e que tem de estar sempre a compor os óculos mas sem sujar as lentes. Esqueço-me disso tudo e o rosto dele volta a ser o de sempre, livre, desocupado, leve, apenas passados uns minutos lembro que ele tem de ter os óculos postos e aí pesa-me um bocadinho.
Porque é claro que prefiro vê-lo sem os óculos. E ele próprio ainda não está adaptado, não só pelo trambolho sobre o nariz que agora o acompanha sempre, mas também porque há ali alterações a fazer, ajustes nas lentes, nos óculos, que vamos corrigindo com o tempo e o acompanhamento no oftalmologista. Porque o Pedro não passou a ver o mundo todo desfocado, parte dele está novamente focado, mas a outra parte, a que antes via bem, afinal está a ressentir-se mais do que seria suposto e esperávamos. Por isso ele olha por cima das lentes, tira os óculos sempre que pode, alarga-os, e esquece-se deles também.
Fotografia: Pedro Viegas
Ele é apenas um miúdo e está em adaptação. Temos seguido algumas dicas para o ajudar a adaptar o melhor possível ao uso dos óculos:
1. Tentamos chateá-lo o mínimo possível. Sabemos que se estivermos constantemente a dizer que ele precisa usar os óculos, em breve passaria a ser uma tarefa árdua. Ele tem ainda assim de os usar, e correctamente, sempre. É um equilíbrio precário, mas não podemos ceder senão nunca mais se adapta. Assim, tentamos torná-lo divertido, em vez de explicar como eles são bons para a sua saúde (chaaaatooo! Nenhuma criança pensa assim), mostramos como nós crescidos também usamos óculos, ou que os óculos lhe trazem super poderes de visão e coisas emocionantes deste estilo.
2. Escolhemos um modelo adequado de óculos. Que nós achamos giros e que estejam bem adaptados ao rosto dele. As lentes maiores possível dificultam a visão fora da área das lentes (apesar de o Pedro contornar isso, embora com dificuldade...). Certificámo-nos de que os óculos ficavam mesmo bem encaixados no rosto (apesar de precisar de ajuste final), não muito apertados, não muito soltos. Uma vez que a cana do nariz das crianças ainda não está desenvolvida, é importante que a armação assente bem. Os óculos devem ser leves, de modo que a massa é preferível, em termos de materiais, entre o resistente e o leve.
3. Deixá-los escolher o design. O Pedro ainda não apitou desta vez, mas no futuro há-de ter uma palavra a dizer (entre dois ou três modelos "finalistas", diria eu...). De qualquer forma, há muitas opções disponíveis para as crianças nos dias de hoje, entre modelos, cores e acessórios. Se a criança escolhe o seu modelo ou cor favorita, será mais provável que goste de usá-los.
4. Usamos os óculos com um elástico, para prendê-los melhor. De momento usamos um elástico simples, com um aplique que se ajusta, mas já tenho visto uns elásticos mais largos, que me parecem mais pros, estes mais simples tendem a soltar um pouco... De qualquer forma, evita que os óculos descaiam ou caiam de todo. Quando for mais crescido, uma corrente continuará a ser útil, não para fixar, mas para o caso de cairem do rosto, continuarem pendurados no pescoço, fazendo com que ele esteja mais propenso a colocá-los de novo. E que não caiam ao chão, outra vez!
5. Somos um bom exemplo. O pai não usa, mas eu, que sou míope, ultimamente tento usar mais vezes os óculos do que as lentes de contacto. É mais chato para mim, mas ele seguir o meu exemplo e eu me dar como exemplo ajuda muito. Se eu usar os meus óculos, o meu filho vai estar mais acostumado com a ideia dele próprio usar e vai ter maior tendência a imitar-me. Se eu cuidar bem dos meus óculos, o meu filho provavelmente vai fazer o mesmo. Os avós também têm ajudado imenso com o exemplo deles!
Os óculos do Pedro - ele tem dois óculos, aproveitámos uma promoção que caiu do céu no nosso oculista e trouxemos dois pelo preço de um, muito conveniente para variar ou para quando um deles está a arranjar... - são da Benetton, que tem uma variedade imensa de modelos, cores e tamanhos. São muito divertidos e de alta qualidade, como se quer e eles gostam.
United Colors of Benetton
Já são uns óculos
a sério, flexíveis, resistentes, mas não à prova de bala. Ainda assim, e apesar de nunca ter espezinhado os pobres óculos, ele dá-lhes um tratamento bem à rapazola e eles têm resistido bravamente, apenas as lentes já estão riscadas... Mas infelizmente não prevejo longa vida para as lentes, enquanto as diopterias não estabilizarem, vamos ter muitas mudanças de lentes.
Para quem tenha filhos mais novos ou ainda bebés, ou especialmente sensíveis, irritáveis ou menos tolerantes com os óculos, a Miraflex oferece modelos super leves, super flexíveis e super adaptáveis.
Para miúdos hipster à quinta casa, a Very French Gangsters tem modelos (para ver e de sol) mega fashion, que não deixam ninguém indiferente e fazem com que até os crescidos queiram usá-los! Queiram e agora podem, recentemente a marca criou uma coleção com óculos iguais para filhos e mães e uma edição para adulto. They mean business. As campanhas deles são o máximo:
É preciso dar tempo ao tempo e o melhor é que ajudemos esse tempo a passar o mais rápida e agradavelmente possível. No fim, o importante é que o uso dos óculos cumpra a sua principal função, que é trazer de volta aos olhos dos nossos miúdos o mundo tal como ele é, com todas as suas cores e com todas as suas formas, sempre bem focados.
AS MARAVILHAS DA MATERNIDADE