O Rei da pista

Quando são dez e meia da noite e o teu filho, que habitualmente não se deita depois das nove, é o rei da festa e domina a pista de dança do hotel em duo maravilha com a prima, tu temes pela hora de voltar à rotina. Mas entretanto só consegues rir a bandeiras despregadas e aprecias o seu kuduro aprimorado, o pezinho a bater forte no chão e as corridas entre a pista de dança e o hall do hotel.
E os outros hóspedes vêm gabar-te o menino que é uma graça, que faz todos rir, que não se cansa. Oh, não se cansa mesmo!
Mas mói. No final da noite, está estoirado, volta alapado no carrinho bengala e já nem as mãos dançam.

Hoje caiu tão redondo que, num segundo choramingava e falava com o cão Marron e no seguinte já nada se ouvia. Pelo sim, pelo não, fui há pouco espreitá-lo, baixou um medo de que lhe tivesse dado um treco, é parvo, eu sei, mas fui só ver se estava vivo

(Todas as noites, antes de me ir deitar, vou ver se está muito destapado ou revirado na cama. Mentira, vou ver se está vivo.)

E o pai veio atrás, que ele vai espreitar sempre antes de se ir deitar também, e hoje veio comigo a meio do serão, meio a brincar, meio a sério...
Dormia um sono profundo, pesadíssimo, está estoirado. E todo revirado.

Geralmente os pais dizem que precisam de férias das férias. No nosso caso, é o filho que vai precisar de férias das férias!