Há uns dias fomos ao cineminha ver este filme, que estava muito empolgada para ver.
Antes de avançar, SPOILER ALERT!!! Vou discorrer livremente sobre o filme, por isso, quem anda não viu e não quer saber, cuidado, estão por vossa conta!
Eu confesso que estava muito cansada nesse dia, por isso talvez precise de voltar a ver o filme para ter uma opinião mais consistente, mas as impressões com que fiquei desta primeira vez do terceiro filme, não foram as melhores... Talvez seja por ter visto este filme através do meu filtro próprio de alguém que está numa relação há milhões de anos e por isso o tenha visto inevitavelmente do ponto de vista da óptica do utilizador, e quer para o bom, quer para o mau, o comportamento deles não era bem bem representativo de uma relação de alguns bons anos, ou pelo menos eu não me revi sempre. Eu estava à espera do ultimate take de uma relação de alguns anos, da melhor alegoria da relação moderna ao fim de uns anos, mas não foi o caso, soube-me a pouco.
O filme está claramente dividido em duas partes, a régua e esquadro, de tal forma que coincidia perfeitamente com o intervalo e todos nós já tivemos experiências traumáticas de intervalos impostos da forma mais idiota possível, por isso, coincidia mesmo com o meio do filme.
Na primeira parte, aparentemente está tudo bem com o casal, com uma conversa inicial no carro, mas que me deixou murcha. Aquela conversa podia estar a falsear uma boa disposição, cumplicidade e descontração, podia ser eles a fingir que estava tudo bem, mas ainda assim não seria assim que nós disfarçaríamos mal estar, não havia profundidade. Se fosse eles mesmo bem dispostos ou em estado normal, eh pá, parabéns, ainda fazem graçolas como se andassem juntos há seis meses! Mas isso não é representativo de intimidade no seu melhor, sorry...
Depois temos um almoço que junta vários casais representativos de várias idades ou etapas da vida ou da relação entre casais. Providencial para discutir teorias sobre as relações e um pouco previsível nas opiniões e teorias abordadas, mas uma nuance nunca vista nestes filmes, pois os dois anteriores centraram-se unicamente no Jesse e na Celine, este já não completamente. Para mim, era uma tertúlia que nunca mais se desfazia, eu queria mesmo era ver aqueles dois na converseta, como só eles sabem bem fazer.
Na segunda parte tivemos Jesse e Celine puro e duro. Gostei muito mais claro! Os dois em choque, os dois a lavar roupa suja, os dois a discutir a sua relação e os danos colaterais, que foram alguns e bem profundos. Fomos sabendo do que foi acontecendo, da mal-amada da ex-mulher, do filho usado como arma de destruição, dos afastamentos e das cumplicidades. Mas entre momentos muito bons, eu que me revia completamente nas picardias e idiossincrasias típicas de um casal, ainda assim ficou, por conta do resto, um sabor a superficialidade. Eles discutiram forte e feio, fizeram uma revista ao casamento, levantaram o véu a suspeitas gravíssimas e no final, entendem-se com a rábula do "Posso conhecer-te? Eu sou o rapaz que conheceste há vinte anos atrás..." Se o meu marido levantasse um "Tu traíste-me!" contra mim, e eu contra ele, seria definitivamente preciso muito mais tempo e muito mais dor e conversa para reparar o mal feito. E se fosse verdade e tal suspeita se confirmasse, ainda as coisas azedavam mais. Nada se resolve como aquele filme se resolveu, e isso deixou-me desiludida.
Soube-me a pouco, foi pouco profundo. Havia muito terreno que podia ser coberto e pouco tempo para o correr, é certo, mas mais vale não tentar ir tão longe e fazer algo mais consistente. Isso foi o que se fez esplendorosamente nos dois primeiros filmes, neste nem por isso. Aceito que neste não havia apenas presente e passado em separado, o que é por si limitativo, mas sim passado em conjunto, que é muito mais complexo, mas ainda assim, cavou, cavou, mas não chegou a encontrar petróleo. Transformou-se numa abóbora.