A propósito do workshop que vai ter lugar em Aveiro, já no próximo Sábado, organizado pela fotógrafa Ana Pratas, aqui ficam algumas perguntinhas que lhe fiz, para espreitar um pouco mais dentro do seu mundo enquanto fotógrafa de famílias. Enjoy!
1 - Às vezes pode ter-se a sensação de que uma sessão fotográfica é um processo complexo e exigente. Como funciona uma das suas sessões fotográficas? Há muitas diferenças entre as sessões de grupo, individual, namoro ou de pais/filhos?
Dias antes de se realizar, já dou aos clientes uma ideia de como vai decorrer a sessão. Também tento pedir sempre que me falem um pouco sobre os filhos, quais as brincadeiras que mais gostam, desenhos animados preferidos, etc. Por isso, tanto eles como eu, no dia da sessão, já sabemos o que esperar.
As sessões são sempre realizadas em ambiente descontraído, se possível num local que lhes seja familiar ou especial (a vossa casa pode ser o local ideal). O importante é que se divirtam, tanto os filhos como os pais. Durante a sessão fotografo não só as brincadeiras e os momentos espontâneos de carinho, mas também dou indicações, como se devem posicionar, o que fazer, para chegar a uma imagem específica que eu tenha em mente.
Eu especializo-me em fotografia de bebés, crianças e famílias e é muito raro fazer sessões em casal (a não ser que já exista um bebé a caminho), ou sessões individuais.
Mas existe uma grande diferença entre, por exemplo, uma sessão com um recém-nascido onde reina a calma, tranquilidade e tudo é feito devagar e ao ritmo do bebé, e uma sessão em exterior com uma família onde os miúdos gostam é de correr. Aí a minha atitude é totalmente diferente.
2 - Qual é a pior coisa ou atitude que um cliente pode fazer ou ter em plena sessão? Quais são os pecados mortais de uma sessão fotográfica?
Penso que o pior que um pai ou uma mãe poderá fazer será de alguma forma reprimir o filho, por se estar a portar menos bem (mas tal nunca aconteceu). Durante aquele tempinho que dura a sessão, os pais devem estar descontraídos e não se preocuparem se o filho vai fazer birra. Eu já vou preparada para essa eventualidade e sei que o normal é os miúdos quererem fazer exactamente o contrário daquilo que lhes sugiro, o que até utilizo em meu proveito para fazer as fotografias mais engraçadas.
3 - Pelo contrário, qual deve ser a postura do cliente ideal?
Apenas que sejam eles mesmos e que relaxem. A partir daí, é deixar tudo comigo.
4 - Há algum conselho que possa dar em termos de escolha de roupas ou até conjugação de cores? Acessórios ou adereços? Há alguma preocupação a ter nesse aspecto por parte do cliente?
Confesso que inicialmente isto era algo que eu não dava tanta importância. Agora, sempre que possível dou algumas indicações.
O mais importante é que gostem de se ver e se sintam confortáveis naquilo que escolherem. No entanto, há algumas coisas a evitar como t-shirts com logos de marcas e bonecadas que acabam por ser uma distracção na fotografia. Mas, por exemplo, se nessa altura, uma t-shirt desse género for a favorita do vosso filho, aí já faz todo o sentido, pois é esse o tipo de pormenor que irão querer recordar mais tarde.
Quanto a cores, evitem virem vestidos de igual, mas conjuguem as cores. Podem escolher uma ou duas cores e jogar com tons diferentes dessa pallete e até incluir tons mais neutros. Acessórios (cachecol ou echarpe, ou até um chapéu) e diferentes camadas (t-shirt + casaquinho, por exemplo) também são bem-vindos.
5 - Qual foi a coisa mais divertida que lhe aconteceu em plena sessão? E na pior sessão de sempre, o que aconteceu de errado?
Ui, esta pergunta não é nada fácil. Eu acabo sempre por me divertir imenso nas sessões. Com miúdos mais crescidos brinco com eles, proponho-lhes desafios e adoro quando trazem de casa os seus brinquedos preferidos. Já me “morderam” muitos dinossauros, já dei toques em várias bolas, já perdi muitas corridas…
Com bebés, a energia e o ritmo é totalmente diferente. Mas não deixam de acontecer situações caricatas, como segundos depois de tirar a roupa ao bebé para uma fotografia, é nesse momento que ele decide fazer o seu xixi.
Quanto a momentos piores, nunca aconteceu nada que fosse mau e que tivesse comprometido a sessão. Com bebés pequeninos é preciso ter paciência, e até interromper a sessão se for necessário, porque é preciso um momento para o sossegar, mudar a fraldar ou amamentar. A sessão leva sempre o seu tempo, mas isso faz parte e, no final, o resultado vale sempre a pena.
Obrigada Ana!