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quinta-feira, 12 de junho de 2014

Borrifador

Assim que eu vi o Pedro a fazer a primeira vez e o Miguel a imitar, eu devia ter travado. Eu devia ter dito logo que não se faz isso e não se ensina isso e não pode ser. Porque eu sabia no que ia dar. Mas aquele preciso momento foi o primeiro em que o Pedro brincou a sério com o irmão, se divertiu a sério e com reciprocidade. Eles riam-se tanto, tão cúmplices, tão amigos, que não fui capaz de travar, fiquei apenas a contemplar o momento, embevecida. 

Mas eu sabia no que aquele momento ia resultar. Eu juro que à segunda comecei a repreender, a impedir, a reprovar. Mas já era tarde demais. Agora tenho um autêntico aspersor humano em casa, tamanho portátil. Iuhuuu, que alegria!

Agora, não me resta outra alternativa senão fazer cara feia, tirar o brinquedo com que o distraio à mesa, dizer NÃO NÃO muito arreliada. E o Pedro ainda acrescenta "Mau Maria!" (Trouxe da escola, morri a rir da primeira vez que se saiu com esta). A lata. Ele ensina e depois põe-se com moralidades. 

E viva o nosso aspersor portátil humano. 

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