Eu apenas posso imaginar, mas imagino assim.
Ela sabia que o seu futuro neste mundo ia ser fugaz, que não lhe restava muito tempo.
Decidiu com este tempo que lhe restava passá-lo a ser mãe. A estar grávida, a ter um filho, a experienciar esse amor único. O de uma mãe por um filho.
Acho que foi uma boa forma de passar os últimos meses de uma vida que sabia estar a prazo. Melhor que dar a volta ao mundo, ou que o passar em tentativas vãs de adiar um fim que estava sentenciado. Nada mais lhe arrancaria aquele sorriso, aquele olhar. Ela conseguiu.
Eu imagino que esta mãe morreu sabendo que ganhou a guerra apesar de ter perdido a batalha. Ela continua a viver, apesar de o Universo lhe ter tirado a vida.
Ninguém substitui uma mãe, mas pode-se viver sem ela. O amor que uma criança precisa para viver pode vir de todo um mundo, pode vir do pai, dos avós, dos tios. Ela não precisa da mãe para ser feliz. Esta menina linda vai ser tão feliz, vai correr e cantar tão alegre quanto qualquer outra criança. A única coisa que apenas a mãe lhe podia dar, foi a única coisa que essa mãe fez questão de dar, a vida. E deu-lhe amor por e para uma vida inteira, uma intensidade imensa, para compensar o tempo tão injustamente curto.
Partiu-me o coração.
3 comentários:
a tua reflexão sobre esta situação é muito bonita! mesmo!
sem palavras...
A mulher de um professor universitário em Lisboa, que já era mãe de dois filhos, descobriu que tinha cancro já durante a gravidez do terceiro. Decidiu não abortar para iniciar tratamentos. Morreu creio que o filho mais novo tinha já 2 anos. Esta história, além de profundamente triste (estamos a falar de pessoas novas e de crianças bastante novas também), foi vista por dois perspetivas...a de quem a venerou e a de quem criticou, porque já haviam duas crianças que muito sofreram com a perda da mãe (estariam na faixa etária próxima dos 10 anos os dois mais velhos).
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