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quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Do cosleeping

Porque deixei em jeito de comentário a este post muito interessante do Blogue Pais Criativos, Filhos Felizes, o qual sigo com atenção, a minha opinião mais desenvolvida sobre o cosleeping, achei por bem transcrevê-lo para aqui e transformá-lo em post. Porque, de facto, este assunto tem dado pano para mangas!

Para começar, e como premissa fundamental, é claro para mim que cada família faz aquilo que considera certo, ou melhor, vai tentando adaptar-se ao que os vai condicionando, seja factores externos alheios à sua vontade, seja factores psicológicos com os quais convive.

Mas não posso deixar de exprimir a minha total discordância com os argumentos usados e as conclusões dos estudos citados. Acho que são extremamente tendenciosos (o que é natural, está aqui a defender-se uma teoria), incitam à culpabilização dos pais (que naturalmente querendo o melhor para os seus filhos, apenas vêem aqui que do co sleeping depende a felicidade e auto-confiança dos filhos) ou são simplesmente falaciosos.
Um pai ou uma mãe menos atentos ou mais facilmente impressionáveis, ao ler este texto, pode não se aperceber que estes estudos valem o que valem e que às conclusões deles retiradas se podem facilmente contrapor conclusões de inúmeros outros estudos que são diametralmente opostas. Que não só indicam que o cosleeping pode originar a dependência extrema dos pais, a confusão de papéis e do lugar de cada um dentro da família, como ainda que fomentar a autonomia e a criação do EU da criança desde cedo passa por criar o seu espaço, as suas referências, os seus próprios mecanismos de superação da frustração que não passem pelo recurso à figura parental.

Se eu não visse o meu filho absolutamente feliz, tranquilo, contente no seu espaço e com os seu lugar na família, eu poderia achar que afinal estava a sabotar a felicidade e o bom desenvolvimento dele ao reservar-lhe desde cedo a sua cama, com os seus bonecos, com o seu timming.

Dar um nome pomposo a uma realidade para a qual a maior parte da população não encontra alternativa é falacioso. Se me dizem que o cosleeping é uma opção cultural para 90% da população mundial, eu digo que 89% dessa população mundial não vive num T3 para 4 pessoas, mas sim num T3 para 11 ou num T0 (apartamento, casa, casebre, cabana). As pessoas "praticam cosleeping" porque é como vivem, não é como escolhem viver. De facto, a cultura ocidental prefere hoje quartos separados, mas é simplesmente porque apenas há um punhado de séculos à classe média foi dada essa possibilidade, antes era toda a gente (e muito mais gente do que um agregado familiar comporta hoje) ao molho e fé em deus! Dizer que o cosleeping deixou de ser utilizado é uma falácia, as condições de habitabilidade é que permitiram que finalmente fosse dada escolha às famílias de dormirem descansados cada um no seu canto. E elas escolheram.
Por essa ordem de ideias, até os 9 meses de idade do meu filho eu pratiquei o cosleeping, porque ele dormia numa alcofa coladinho à minha cama, porque eu ouvia-o respirar e em três segundos tinha-o no meu colo para mamar à noite. Mas não, eu não escolhi praticar o cosleeping, eu apenas tinha o meu filho a dormir no mesmo quarto, por comodismo e preocupação com o sono do meu bebé pequeno. Por essa ordem de ideias, sempre que estou em casa dos meus pais praticamos cosleeping, porque não há quartos que cheguem para tanto filho e tanto neto. E não, é apenas uma questão de logística. Mesmo porque o meu filho pouco se apercebia de que dormíamos todos juntos, pouco se ralava com isso. E hoje ainda menos.
Há de chegar o dia em que ele vai querer dormir connosco, mas será porque está a procurar novamente o seu lugar na família e procura-o na nossa cama, por imitação. Porque quer estar connosco, podendo. Porque quer ser como o pai, porque quer estar sempre com a mãe. E cabe a nós, pais, mostrar-lhe que o seu lugar é na caminha dele, que ninguém vai fugir, que estamos todos presentes, que ele não é o pai ou a mãe da família, ele é  o bebé, ele é o filho e pode ficar tranquilo porque todos estão seguros de quais são os seus lugares e ele não precisa lutar para ser o que não é, basta ser-lhe o bebé.

É que nos antigamentes e ainda hoje, nas culturas não ocidentais nas quais se "pratica o cosleeping", havia e há outros mecanismos para mostrar quem é quem na família, quem manda, quem cuida, quem é cuidado, quem ensina, quem aprende. E um dos grandes problemas do "cosleeping ocidental" é que infelizmente este acaba por ser um meio de misturar os papéis, de afirmação da criança entre os pais (muitas vezes separando os pais), de infantilização do adulto ou de majoração da criança. E isso nunca é bom.

Última nota: dizer que os pediatras "da velha Guarda" não defendem o cosleeping é transformar o cosleeping em algo que não é, ou seja, algo moderno, de vanguarda. Não só não é algo novo e cheio de bondade, como a esmagadora maioria de TODOS os pediatras (novos e antigos) descarta o cosleeping como algo recomendável, por si.

Mas bem, este comentário (aqui post) já vai longuíssimo e não é minha intenção teorizar sobre isto muito menos dar lições a ninguém, apenas queria deixar um contra-ponto que me pareceu faltar ao artigo.


12 comentários:

Anônimo disse...

Também sou contra o co sleeping.
Acho que a criança tem que dormir na sua caminha. Até porque não é aconselhável dormir com os pais pois é perigoso.
Para não falar da privacidade e da intimidade dos pais que pode ser posta em causa.

MarianaS disse...

Clap clap clap clap!
i'm your fan!

Unknown disse...

Obrigada ;)

Pois, para nem falar das condicionantes físicas do cosleeping. Algo que exige tanto cuidado e atenção a normas de segurança denuncia não só que não é o mais adaptado à segurança do bebé, como não é prático para quem o utiliza.

Melancia disse...

Sendo uma mulher da ciência, pelo menos d eformação profissional, apenas digo isto: todo e qualquer estudo feito em termos de comportamento infantil nunca é 100% fiável e credível e porque? Porque qualquer estudo, para que seja cientificamente válido e, com ele tirarmos conclusões baseadas na evidência (ai meu deus que estou a ficar uma croma), é preciso que seja aleatorizado e duplamente cego. Ora bem, imaginem agora, pegarmos em 200 criancinhas e, nós decidirmos, que 100 vão dormir com os pais e as outras 100 dormem no quarto deles, ignorando as características da familia, da casa em questão, da personalidade de criança em si. Éticamente reprovável e nunca se faz tal coisa. Ou seja, tudo o que para aí se diz acerca de cosleeping e afins tem por base convicções! Válidas, com certeza e outras nem tanto. Porque se eu quiser provar que dormir com os pais traz tranquilidade aos bebés é só arranjar um grupo de mães que o fizeram por opção e ver como estão felizes com isso e o seu filho dormia melhor. Mas se eu quiser provar que altera a personalidade da criança, a torna mais dependente (no sentido negativo da coisa ) e com menor capacidade de resiliência, basta ir à minha memória do meu estágio (curto, é certo) de Pedopsiquiatria e ver que praticamente todos os pré-adolescentes e adolescentes que apresentavam síndrome depressivo, sem capacidade de lidar com as contrariedades e com a suas próprias frustrações, dormiram na cama dos pais até tarde...
Certo, certo é fazer o que o coração manda!

Melancia disse...

Nota importante: não estou a dizer que o dormir na cama dos pais é a única causa de depressão e falta de resiliência... é apenas o reflexo duma educação, de um todo.
(tenho de me salvaguardar que ainda me caem em cima)

Kiki - Família de 3 e 1/2 disse...

Onde é que eu assino??? ;)

Su disse...

Digamos que a minha opinião é absolutamente igual à tua.

Sempre fui contra, continuo a sê-lo e vou manter a minha postura. Isto porque um bebé ou uma criança que se sinta feliz e contente na sua cama significa que é um ser vivo com auto-confiança e auto-estima acima da média... eheheheh

Adoro ver o Salvador com um sorriso estampado porque fui deitá-lo no mundo encantado dos sonhos dele... fica feliz porque é a cama DELE, fica feliz porque sabe que nada lhe vai acontecer e se precisar, os pais estarão ali para o ajudar.

É assim que penso e parece-me muito gratificante um bebé não precisar de colo ou de dormir na cama dos pais para adormecer. Não faz sentido. Transmite insegurança. Acho que ninguém quer ter filhos inseguros ;)


Beijinho e é melhor calar-me antes que tenha problemas, ehehehhe

Anônimo disse...

Acho que as pessoas devem seguir o seu coração, e como tudo há pessoas contra e a favor! E ainda bem que assim! Como voces criticam quem faz cosleeping há o reverso da medalha! Temos a mania de querer que todo o mundo faça as coisas iguais mas não e assim e ainda bem,pois este mundo não ia a lado nenhum! Aceitem quem o faz, e nao se esqueçam nunca digam nunca pois ou mundo da muitas voltas!
Su

Anônimo disse...

É isso mesmo! Nunca digam nunca. Cada pessoa faz o que acha melhor. Na minha opinião não me parece que o co-sleeping crie pessoas mais inseguras ou depressivas. A depressão sim é causada por esta nova sociedade em que ninguém se importa com os outros e não por ter mais amor e carinho.

Marilia Esteves disse...

Passo o dia longe dela, quando a vou buscar à creche já o sol se pôs à muito, entre banhos e jantares, não nos sobra minuto algum... dormir ao seu lado, ouvir a sua respiração, dar-lhe logo a mão quando acorda e um biberom de leite que ainda bebe de noite é a única forma de me sentir tranquila. Na sua cama dormem as bonecas. Sei perfeitamente que um dia será ela a dizer-me que não me quer ter ali de noite... mas até esse dia, assim será.

Queen of Hearts disse...

Antes de mais, queria dizer que não sou defensora nem antagonista da prática do co-sleeping. Posto isto:
Não estou de acordo ou desacordo com este post. Simplesmente porque o vejo como um contraponto a uma posição vertida noutro sítio, e porque, objectivamente, aponta razões para fundar a sua posição e dá uma opinião que se manifesta no que se faria/fará no lar de quem a escreve. Sem juizos de valor sobre quem tenha práticas contrárias, directos ou a contrario sensu.

No entanto, e como sempre acontece quando leio um post sobre parentalidade que verse sobre algum assunto que divida facções, é nos comentários que encontro os pontos de discordância. :) Não poderia discordar mais com a posição que leio acima de que um bebé que durma na cama dos pais transmite insegurança, de que um bebé (um bebé!) precisar de colo ou de dormir na cama dos pais para adormecer não faz sentido. Pelo contrário, creio eu. Julgo que a segurança ou insegurança do bebé não se mede pelo grau de conforto que o bebé sinta ao ser aconchegado no colo ou na cama dos pais, para de seguida embarcar numa noite de sono descansado. Julgo que um bebé é um ser com um nível de maturidade emocional muito baixo, ao qual - sendo-lhe negado o conforto de um colo, ou de um aconchego com os pais - pode causar um trauma grande, ainda que sem sinais visíveis a falta de proximidade dos pais (não que esta apenas advenha do co-sleeping, como é óbvio). Julgo que, acima de tudo, é o conforto dos pais que está em causa quando se fala em não se precisar de dar colo ao bebé para adormecer. E julgo, sobretudo, que fazer juízos de valor sobre as experiências alheias no que respeita à personalidade de um bebé e à influência dos pais, não é correcto sob vários prismas.
O meu filho, para que fique claro, dorme no quarto dele, na cama dele, desde os 10 meses de idade. Antes não o fazia porque 1) não tínhamos espaço na casa; 2) era muito confortável tê-lo ao lado da minha cama, porque ele mamava durante a noite. Mas pratiquei o co-sleeping durante 1 mês e meio, desde que o meu filho nasceu. Não será correcto dizer co-sleeping, porque eu não dormia muito. :) Mas ele esteve comigo na cama durante esse mês e meio. O caminho da amamentação não foi fácil, e isso ajudou-me bastante. Quando, ao fim de um mês e meio, o passei para a alcofa, dormiu igualmente bem. Quando ao fim de mais uns meses, o passei para uma caminha maior, continuou a dormir igualmente bem. Quando aos 10 meses mudámos de casa e passou a dormir no seu próprio quarto, continuou a dormir na mesma. Sem dramas, sem manifestações de insegurança, sem nada em nenhuma destas transições. É uma criança viva, inteligente, extrovertida, nada estranha, muito sociável, nada inseguro. E ainda adormece ao meu colo. É uma rotina que demora cerca de 5 a 15 minutos por noite. Não me tira tempo de vida, não me retira tempo útil nem me aborrece. Ele é um bebé. Tem 13 meses, gosta do meu colo, do meu aconchego. E eu sei que, quando ele tiver um bocadinho mais de idade, eu farei a transição dessa rotina para uma outra mais adaptada à idade, com a leitura de uma história enquanto ele se deita sozinho na cama, e não haverá drama, nem trauma, nem insegurança. É preciso é saber no nosso coração aquilo que é melhor para aquela criança, que nós conhecemos melhor que ninguém, sem criticar quem faz de forma diferente, nem sentenciar "defeitos" ou falhas na criação da personalidade dos bebés e dos pais que façam diferente.

Parabéns à ML por mais um bom post :)

calita disse...

Ora bem, fui logo escolher um post polémico para comentar :)
Eu ainda nem sabia que existia a palavra cosleeping e praticava-o naturalmente sem sequer pensar no assunto.
Não sei o que aconselham os especialistas nesta matéria e, honestamente, não me interessa. Eles são três e enquanto foram amamentados dormiram comigo. Curiosamente, o que foi amamentado até mais tarde (9 meses) é o que prefere dormir na cama dele.

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